Introdução
Na postagem anterior, aprendemos sobre vários tipos de equipamentos de pequeno porte utilizados na manutenção da via e, agora, vamos analisá-los na prática. Além disso, neste post, daremos atenção, principalmente, à substituição de dormente, analisando os critérios de aplicação, bem como o passo a passo para fazer a substituição.
Critérios para a aplicação de dormentes
Na tabela abaixo podemos observar alguns critérios de aplicação de dormentes comuns:
TLS – Trilhos longos soldados
TCS – Trilhos contínuos soldados
É válido destacar que o ponto de transição de tipos diferentes de dormentes deve ser locado a 30 metros de distância de início/término de curvas, pontes, viadutos e tuneis.
Em dormentes especiais, devemos considerar os seguintes critérios para sua aplicação:
Obs. 1. Aplicação de aço e concreto em pontes e viadutos com lastro, somente se dormente tiver predisposição para contra-trilho.
Obs. 2. Atualmente, somente se recomenda a aplicação de dormentes especiais de concreto para AMV em jacarés de ponta móvel. Nos jacarés de ponta fixa há os inconvenientes da grande variação entre os valores de eixamento dos veículos ferroviários que provocam esforços excessivos quando da sua passagem pelos jacarés.
Os dormentes também possuem um espaçamento/taxa de dormentação padrão.
Obs. 1. Para cargas acima de 27,5 ton/eixo
Obs. 2. Para curvas apertadas (r < 280 m ou 4°). Devido à sobrecarga no trilho interno e necessidade de aumentar resistência da grade ao esforço lateral
É válido destacar que o espaçamento de AMV, pontes e viadutos é dado conforme o projeto.
Já em relação ao espaçamento de dormentes em juntas metálicas ou isoladas, podemos ter duas opções de posicionamentos, são elas: junta apoiada e junta em balanço. Esta última é a mais recomendada e se dá quando apoiamos as pontas dos trilhos em dois dormentes, conforme figura abaixo à direita. A junta em balanço é mais apropriada pois gera menos impacto nos trilhos quando a locomotiva está passando. Já a junta apoiada é aquela em que dois trilhos se apoiam em um dormente.
No que se diz respeito ao espaçamento de dormente em soldas, temos que destacar que elas devem ser executadas nos centros dos vãos entre os dormentes. Caso necessário, deve-se espaçar os dormentes, no máximo ± 10 mm em relação ao espaçamento padrão.
Carga e descarga de materiais
Na carga e descarga de dormentes, devemos ter o máximo de cuidado possível com a integridade da peça. Para isso, devemos considerar que os dormentes de madeira são mais resilientes e por isso podem ser arremessados, mas isso nunca deve acontecer com os de concreto e aço. Isso implica que, devemos privilegiar a descarga de dormentes de concreto e aço com cinta ou com garra. Estes, ao chegarem nos centros de distribuição devem ser manuseados com empilhadeiras. Além disso, devemos impedir o contato de dormentes novos direto com o solo e humidade constante, para evitar a degradação prematura desses dormentes. Outro cuidado importante é sobre empilhar os dormentes sempre antes da carga e descarga. Ademais, a descarga no trecho pode ser unitária e devemos atentar para ordenação da carga no vagão não gerar carga excêntrica. Isso implica que a carga tem que ser distribuída uniformemente pelo vagão, para que uma parte não esteja mais pesada que a outra e acabe gerando um descarrilamento.
Como já mencionado, alguns materiais podem ser projetados, lembrando sempre do cuidado e da segurança das pessoas ao redor.
Como já mencionado em outros posts, os dormentes de madeira podem ser descarregados e carregados por pessoas sem ajuda de máquinas. No manuseio desses dormentes, devemos atentar na hora de andar sobre a carga, isso não pode acontecer com o veículo em movimento e ao deslocar sobre elas devemos tomar muito cuidado. No momento da descarga, é necessário observar se o dormente não caiu sob o veículo, visto que isso pode acarretar um descarrilamento.
No que se diz respeito ao recolhimento dos dormentes devemos considerar:
Dormentes retirados da linha devem ser empilhados
Privilegiar local de pilhas em aceiros, ou seja, regiões limpas de mato
Ter atenção ao gabarito da via
Selecionar dormentes inservíveis e reempregáveis em pilhas distintas
Substituição de dormentes
A seguir vamos mostrar os passos para a substituição de dormentes detalhando-os e mostrar a utilização dos EPP’s na prática. Para isso, sugerimos que veja o post de Equipamentos de Pequeno Porte. Dessa forma, você ficará familiarizado com os termos utilizados a seguir. Além disso, temos um curso completo sobre Fundamentos de Manutenção de Via Permanente, no qual aprofundamos sobre este assunto e afins.
1. Retirada da fixação
Para a retirada da fixação devemos ter alguns cuidados gerais relacionados à atividade:
Atentar-se às irregularidades do piso para evitar quedas e torções e manter uma postura adequada;
Manter-se sempre afastado do raio de projeção da marreta utilizada por outro empregado e interromper sua atividade se verificar outro empregado próximo ao raio da sua ferramenta;
As pessoas que não estiverem envolvidas na atividade deverão manter-se a uma distância de no mínimo 15 metros;
Em caso de substituição de dormentes a eito (quando vários dormentes são substituídos em sequência), é permitida a retirada de fixações em no máximo dois dormentes em sequência sob o risco de abertura de bitola e flambagem do trilho, colocando em risco a segurança operacional. Isso significa que você irá retirar dois dormentes e pular dois, para não perder a bitola da via.
Para retirada do grampo pandrol temos os seguintes procedimentos:
1º Posicionar o Pampuller na aba do grampo e no olhal da placa de apoio e forçar a ferramenta até a completa retirada do grampo.
2º Para retirar fixação Pandrol em placas de apoio originais, possivelmente, será necessário o auxílio de uma marreta para executar a atividade. Essa opção deve ser em último caso, uma vez que é perigoso a saída de lascas, tanto da marreta quanto da fixação. Essas lascas podem sair na velocidade de uma bala e perfurar o trabalhador.
Retirada de prego de linha manualmente com alavanca:
1º Posicionar a ponta da alavanca com a fenda entre a cabeça do prego e a superfície da placa de apoio, pressionando a extremidade oposta da alavanca para baixo.
2º Se o prego não sair, calçar a alavanca utilizando uma cunha metálica.
Retirada mecanizada de prego de linha:
1º Posicionar a máquina de arrancar pregos para um dos trilhos e encaixar a “garra” da máquina entre a cabeça do prego e a superfície da placa de apoio.
2º Ao transportar e movimentar a máquina, evitar esforço excessivo. E quando içá-la manualmente deve-se solicitar o apoio de colegas e adotar uma posição ergonômica correta.
3º Somente ligar a máquina após ela estar parada e posicionada para o trabalho.
Retirada mecanizada de tirefond:
1º Posicionar a carretilha sobre a via e posteriormente fixar a tirefonadeira nela.
2º Verificar o soquete adequado e encaixá-lo na tirefonadeira.
3º Encaixar o soquete na “cabeça” do tirefond para desparafusá-lo e em seguida retirá-lo.
Retirada manual de tirefond:
1º Encaixar a chave de tirefond na cabeça do tirefond e girá-la no sentido apropriado para desparafusar.
2º Esta tarefa exige a participação de dois executantes para evitar esforço excessivo, torções lombares e lesões à coluna.
Retirada mecanizada de fixação RN:
1º Posicionar a carretilha sobre a via e posteriormente fixar a tirefonadeira nela.
2º Verificar o soquete adequado e encaixá-lo na tirefonadeira.
3º Encaixar o soquete na porca do parafuso para desparafusá-lo e em seguida retirar o clipe elástico, o parafuso RN e o coxim se existente.
Retirada manual de fixação RN:
1º Encaixar a chave na porca do parafuso RN e girá-la no sentido apropriado para desparafusar e em seguida retirar o clipe elástico, o parafuso RN e o coxim se existente.
2º Esta tarefa exige a participação de dois executantes para evitar esforço excessivo e lesões à coluna
Seleção de fixação para reemprego:
Após a retirada das fixações, deverá ser feita a seleção do material a ser reempregado. Em caso de fixação Deenik, para não utilizar grampos danificados, deve-se fazer uma inspeção visual apoiando-o em uma superfície plana e verifica-se o espaço entre as pernas do grampo e a superfície plana, que deve ser de aproximadamente 2 mm e não pode ultrapassar a 4 mm.
Retirada de retensor:
1º Caso haja, o lastro deve ser retirado antes da execução desta atividade.
2º Bater com marreta em sua extremidade menor, forçando-o para baixo até que o ressalto aí existente o destrave. Posicionar um dos pés do lado oposto ao da batida sobre o retensor para evitar a projeção do mesmo.
3º Há riscos de projeção do retensor, marreta ou partículas e prensamento de membros. Assim, verificar sempre as condições das ferramentas.
Retirada manual de placa de apoio ou palmilha:
1º Com uma alavanca apoiada no dormente, forçá-la para baixo levantando o trilho o mínimo possível de modo a folgar a placa/palmilha.
2º Empurrar a placa com alavanca ou marreta no sentido do trilho até sua completa retirada.
3º Em dormente de concreto, para a retirada manual da palmilha e coxim, deverá ser utilizada uma espátula para facilitar a retirada da palmilha.
4º Esta operação deve ser realizada com cuidado e por duas ou mais pessoas
2. Abertura lateral da casa de pedra
Para fazermos uma abertura lateral na casa de pedra devemos utilizar uma picareta, forcado ou enxada, a fim de retirar o lastro entre os dormentes removendo o ombro até a face inferior do dormente a ser substituído. No caso de lastro muito contaminado/compactado pode ser necessário utilizar o rompedor. Nesta tarefa o empregado deve ter especial atenção em relação à postura do corpo na retirada e lançamento do lastro, há também perigo de queda devido às irregularidades do lastro. Caso haja retensor no local, o próximo passo será sua retirada. Em caso negativo, segue-se à retirada do dormente a ser substituído.
3. Remoção do dormente velho
Para remoção do dormente velho devemos deslocá-lo até que caia para o vão aberto. Em seguida, empurrar com alavanca e arrastar com a ferramenta tenaz e depositar em local onde possa ser recolhido e/ou empilhado. É válido destacar que o dormente nunca deve ser manuseado com as mãos. Além disso é dever do executante, manter sua frente de trabalho organizada de modo a evitar acidentes. A remoção do dormente velho pode ser feita de maneira manual ou mecanizada.
Também é possível a retirada mecanizada de dormentes. Para isso é utilizado um manipulador de dormente hidráulico para reduzir esforço dos trabalhadores e aumentar a produtividade.
Outra forma de mover os dormentes mecanicamente é utilizando a Tie Gang, trocadora de dormente.
4. Tarugamento dos furos quando reempregável
O tarugamento é necessário sempre que um furo não for mais utilizado, como objetivo de impedir a entrada de humidade e o apodrecimento. É necessário destacar que o tarugamento é importante para não perdemos o dormente.
Os furos do dormente devem ser tarugados, conforme os três passos a seguir.
1. Colocar um tarugo (cilíndrico ou prismático) de madeira no furo.
2. Bater com a marreta até preencher todo o furo.
3. Retirar, com a enxó, a “rebarba” excedente do Tarugo
5. Entalhe
Quando o dormente de madeira possuir imperfeições, deve-se entalha-lo para permitir que as bases das placas de apoio de um mesmo dormente fiquem num mesmo plano. Com isso, devemos considerar que, quando não for utilizar placa de apoio ou a placa for plana, o entalhe será de 1:20, a fim de garantir a inclinação dos trilhos.
Para o procedimento de entalhe, é necessário seguir os seguintes passos:
1º Escolher a melhor face do dormente e marcar com giz o centro do mesmo, tomando-se por base o seu comprimento
2º A partir do centro, em direção às extremidades marcar a posição dos eixos dos trilhos
3º A partir das posições dos eixos dos trilhos, em direção aos dois lados, marcar as posições extremas do patim do trilho adotado, cuidando que a posição interna seja ultrapassada em 5 cm. Este passo pode ser realizado utilizando-se o gabarito de entalhamento.
4º Utilizar a enxó no sentido longitudinal do dormente, cortando do lado externo em direção ao interno, na inclinação de 1:20. Isso implica que para cada variação de 1 mm de altura, aumenta-se 20 mm de comprimento, cuidando que a superfície cortada não fique empenada.
É válido mencionar que em dormentes que possam ser trabalhados fora da linha, utilizar o gabarito de entalhamento. Ademais, há perigos de corte e projeção de partículas, por isso, deve-se utilizar perneira adequada (caneleira) e óculos de segurança.
6. Inserção de um novo dormente
A inserção do dormente novo deve acontecer posicionando o topo da peça na entrada da casa da via com o auxílio da tenaz do dormente. Na sequência, a alavanca deve empurrar sua extremidade de forma que deslize livremente para baixo dos trilhos. Para realização desse processo não se deve usar marreta, picareta ou nenhuma ferramenta que danifique o dormente e que possa reduzir sua vida útil. Caso aconteça a utilização dessas ferramentas para bater na face dos dormentes, é perigoso perder os gang nails, trincar o dormente de concreto e até mesmo empenar o dormente de aço.
Devemos tomar alguns cuidados quanto ao espaçamento e esquadro:
Respeitar espaçamento padrão
Tolerância de espaçamento de ± 10mm
Não se deve golpear os dormentes! Utilizar alavanca e tenazes
Não posicionar os dormentes sob soldas aluminotérmicas
Quando necessário, reespaçar dormentes próximos com tolerância unitária de ± 10mm
Manter os dormentes perpendiculares ao eixo da via (quadramento)
Para inserirmos a placa de apoio ou palmilha, devemos seguir alguns passos. É necessário inserir a placa de apoio com o auxílio de alavanca apoiada no dormente. Em sequência, forçar a alavanca para baixo levantando o trilho o mínimo possível para a inserção manual, deixando a mesma centralizada em relação ao eixo do dormente novo, ajustada ao patim do trilho e com a superfície inclinada voltada para o eixo da linha.
Já em dormente de concreto, com uma alavanca apoiada nele, forçá-la para baixo levantando o trilho o mínimo possível para a inserção manual da palmilha e coxim, deixando a esta centralizada em relação ao eixo do dormente novo, ajustada ao patim do trilho.
A inserção da placa de apoio ou palmilha requer muito cuidado, uma vez que a utilização da alavanca para levantar o trilho oferece perigo de esforço excessivo e quedas por escarpar do trilho. Por esse motivo, o empregado deve, sempre que necessitar, pedir ajuda a um empregado mais próximo. Ademais, é recomendado que não se deve utilizar as mãos para fazer a retirada da placa de apoio e ter muita atenção na retirada das palmilhas, uma vez que há risco de aprisionamento de membros.
7. Furação do dormente
Uma vez que colocamos o dormente, é necessário fazer a sua furação, que pode ser preferencialmente mecanizada, mas também pode ser manual. A seguir mostraremos esses dois tipos de furação.
7.1. Furação mecanizada
Para realizar esse procedimento, utilizamos a máquina de furar dormente convencional ou portátil. Assim, o operador da máquina deve regular o mandril da máquina para ajustar a profundidade do furo de acordo com a espessura do dormente e o comprimento do prego ou tirefond. Qualquer ajuste ou substituição de peças e implementos deve realizar-se com a máquina desligada.
Para execução da furação do dormente, será utilizada máquina de furar dormente convencional ou portátil. A diferença entre elas é que, com a máquina convencional, se tem uma produção muito maior, devido ao fato de que com ela conseguimos fazer o furo direto. Já com a portátil temos um pouco mais dificuldade na hora da furação.
Após executar a furação devemos verificar a bitola e caso não esteja adequada, haverá necessidade de fazer a correção da bitola.
É importante destacar que o executante deve ter cuidado com partes moveis/rotativos da máquina, pois a broca pode atingir o uniforme do executante ou membros inferiores. Além disso, é proibida a utilização de camisa para fora da calça nesta tarefa.
7.2. Furação manual
Na furação manual, o operador deve posicionar o arco de pua no centro dos furos das placas que deverão receber as fixações. No entanto, se a furação for em dormente sem placa, o executante deverá posicionar o arco de pua encostando a sua broca no patim do trilho, no ponto em que deverá receber a fixação.
7.3. Diâmetro de brocas para furação de dormentes
O diâmetro da broca é sempre um 1/8” menor que o tirefond utilizado naquele furo. Trouxemos uma tabela para mostrar alguns tamanhos de brocas para cada tipo de parafuso utilizado.
7.4. Posicionamento dos furos no dormente com ou sem placa de apoio
Em tangentes:
Utilizando dois tirefonds ou pregos por placa, a disposição dos novos furos será em forma de “V” em relação ao sentido da quilometragem, de modo que a ponta do “V” esteja posicionada do lado em que a quilometragem for crescente. Caso o sentido do "V" no local estiver padronizado no sentido decrescente, este padrão deverá ser mantido.
Em curvas:
Utilizando três tirefonds ou pregos por placa, alternar fixação a cada dormente ora uma do lado interno e duas do lado externo, ora duas do interno e uma do externo.
7.5 Posicionamento dos furos no dormente sem placa de apoio
Para o posicionamento dos furos no dormente devemos seguir os seguintes passos:
1º Dividir a largura útil do dormente por aproximadamente 3.
2º A partir das extremidades, puxar a medida encontrada em direção ao centrodo dormente.
3º Marcar neste ponto a posição do furo, observando o passo 1.
8. Colocação da fixação
Aplicação de Pandrol:
Para aplicar, inserir o grampo Pandrol manualmente no buraco da placa de apoio e pressioná-lo sobre o trilho utilizando-se do Pampuller até o encaixe final.
Aplicação de Deenik:
Na aplicação, posicionar o grampo Deenik em frente à fenda da placa de apoio e encaixar o alicate de montagem a ele. Em seguida abrir as hastes do alicate de montagem, pressionara parte frontal do grampo para encaixá-lo no orifício da placa de apoio. Após o encaixe, o grampo é desacoplado do alicate. Posicionar o aplicador (Puxador) para grampo Deenik, forçando o mesmo até que este suba totalmente no patim do trilho.
Aplicação de prego de linha:
Aplicar o prego no furo da placa de apoio destinado a recebê-lo. Se o trilho for assentado diretamente no dormente, aplicar o prego no furo realizado no dormente para recebê-lo. Com a marreta, golpear a cabeça do prego até que ele se encoste ao patim do trilho. Se for verificado que a cabeça do prego se encostou ao patim do trilho, mas ainda há um espaço entre a lateral do patim e o corpo do prego, é necessário novo golpe, de modo a aproximar o corpo do prego da lateral do patim.
Aplicação de tirefond com equipamento mecanizado:
Posicionar a carretilha sobre a via e posteriormente fixar a tirefonadeira nela.
Verificar qual o soquete (castanha) é adequado às dimensões do tirefond a ser aplicado e encaixá-lo na tirefonadeira. Encaixar o soquete na “cabeça” do tirefond e acionar a alavanca da máquina descendo o mesmo até este encostar no patim do trilho.
Aplicação de tirefond manualmente:
Encaixar a chave na cabeça do tirefond e girá-la no sentido apropriado para parafusar, conforme a necessidade seja a de retirá-lo ou aplicá-lo. Esta tarefa exige a participação de dois executantes para evitar esforço excessivo e lesões à coluna.
Aplicação de tirefond:
No caso de dormente que será aplicado diretamente no trilho sem placa, o mesmo já deverá estar entalhado conforme visto anteriormente. Colocar os tirefonds apertando-os até o patim do trilho com a tirefonadeira convencional ou portátil ou chave de tirefond. Se a fixação for somente de pregos, estes devem ser batidos com marreta até o patim do trilho, finalizando com a recolocação dos retensores.
Aplicação de fixação RN com equipamento mecanizado:
Posicionar a carretilha sobre a via e posteriormente fixar a tirefonadeira nela. Verificar qual o soquete (castanha) é adequado às dimensões do parafuso RN a ser aplicado e encaixá-lo na tirefonadeira. Encaixar o soquete na porca do parafuso RN e acionar a alavanca da máquina descendo a porca até que esta aperte o clipe elástico RN contra o patim.
Aplicação de fixação RN manualmente:
Inserir o parafuso RN no local de encaixe do dormente de concreto e em seguida colocar o clipe elástico, a arruela e a porca no parafuso. Encaixar a chave na porca do parafuso RN e girá-la, descendo a porca até que esta aperte o clipe elástico RN contra o patim.
Aplicação de retensor:
O retensor é aplicado batendo-se com marreta em sua extremidade maior, forçando-o até que o ressalto, existente na outra extremidade, o trave. Em seguida, deve-se posicionar um dos pés do lado oposto ao da batida sobre o retensor para evitar a sua projeção. Os retensores deverão ficar encostados nas laterais do dormente e na parte interna da linha.
9. Socaria do dormente
Após a substituição do dormente, é necessário executar a socaria do mesmo para garantir que não haja espaço entre o dormente e o calo da via e garantir a estabilidade da via. Se houver algum espaço entre o dormente e o calo da via, pode gerar um desnivelamento dinâmico quando o veículo ferroviário passar. Esta socaria deve ser preferencialmente mecanizada, mas também pode ser manual.
Para a socaria mecanizada, o executante deve posicionar a lâmina do vibrador junto e paralelamente ao dormente na direção vertical e sempre com a ponteira dirigida para o trilho. Em seguida, a lâmina será recuada e novamente inserida, sem sair do lastro, até que, quantidade suficiente de brita seja compactada sob o dormente. Não é necessário forçar o vibrador para baixo.
É importante destacar que, nesta tarefa, o empregado deve ter especial atenção em relação à sua postura quando estiver fazendo os movimentos com o vibrador. O esforço excessivo pode ocorrer caso o executante não saiba manejar a ferramenta ou não tenha boa prática. Ademais, caso o volume de serviços seja excessivo, é aconselhável fazer rodízio dos executantes para descanso na tarefa.
A socaria da linha deve ser executada em todo dormente, sendo que na faixa de 25 cm em relação ao trilho deverá haver uma maior compactação do lastro.
Isto deve ser feito para evitar o empeno, trincas ou rachaduras do dormente quando a locomotiva estiver passando.
Devemos nos atentar às tomadas do vibrador que somente podem ser conectadas e desconectadas ao motor, se ele estiver desligado. Além disso, temos que ter atenção aos cabos a fim de evitar eventuais avarias no decorrer da tarefa que possam causar choques elétricos aos operadores.
Ao concluir a socaria, recompor o lastro deslocado no processo e completar os locais em que seja necessário. Ao recolher brita com gadanho (forcado) o executante deve separar o material reaproveitável das impurezas e retornar este material para os locais onde foi retirado ou removido para realização da socaria. Nesta tarefa deve-se cuidar para que a plataforma e o sistema de drenagem não sejam contaminados.
Já para realização da socaria manual, devemos, com uma picareta de soca ou um gadanho, empurrar a brita para baixo do dormente e pressioná-la com a ponta, de forma inclinada e alinhada como o eixo da linha. Com a picareta de soca, pressionar as pedras do lastro, umas sobre as outras, golpeando-as com energia na região de 25 cm para cada lado do trilho e de forma cruzada, entre a base do dormente e o “calo” da linha.
Assim como na socaria mecanizada, a manual também deve ser realizada debaixo de todo o dormente, concentrando-se, no entanto, na região de 25 cm para cada lado do trilho.
Este passo pode não ser executado se no local estiver previsto socaria com Equipamento de Grande Porte (EGP) e que este esteja programado para liberar a linha após seus trabalhos. Na socaria com EGP, é necessário garantir espaçamento de 10-15 mm da parte superior da ferramenta de soca da face inferior do dormente. Além disso, esse procedimento possui risco de danificar o dormente e perder qualidade de nivelamento.
Ao término da socaria, deve-se recolher o lastro com gadanho (forcado), separar o material reaproveitável das impurezas, através de movimentos vibratórios e retornar o material reaproveitável para os locais de onde o lastro foi removido. Caso o local fique com necessidade de recomposição futura por falta de material, esta pendência deve ser anotada para ser alvo das próximas descargas de lastro.
Um ponto importante a ser destacado é que em caso de AMV’s em operação não poderá ficar em nenhuma hipótese restos de lastro na região da agulha e que venha comprometer sua operação. Ademais, nesta tarefa, o empregado deve ter especial atenção em relação à postura do corpo no recolhimento e lançamento do lastro na grade e nas irregularidades do piso.
11.Recolher material
Os dormentes inservíveis e materiais metálicos depositados na plataforma da linha devem ser recolhidos diariamente em trens de serviço. Na impossibilidade de recolhimentos diários, os dormentes e materiais devem ser empilhados em locais definidos.
Conclusão
Finalizamos mais uma publicação sobre dormente, desta vez, focando na sua substituição. Podemos perceber que tal processo necessita de muita atenção e cuidado, tanto para os execuntantes quanto para um bom resultado no projeto final. Para se aprofundar no assunto adquira o nosso curso de Manutenção de Dormentes.
Texto adaptado do Manual Técnico de Manutenção da Ferrovia Centro-Atlântica
Escrito por Paulo Lobato,PMP e Laura Lima
Especialista em manutenção de via permanente ferroviária
Elevada experiência em gerenciamento de projetos e análise de viabilidade técnica-econômica de novos projetos
Engenheiro Civil formado pela UFMG em 2010 com curso de extensão em ferrovia e transportes pela École Nationale des Ponts et Chaussées em Paris/França
Certificado em Gestão de Projetos pelo Project Management Institute (PMI)
Certificado em Inglês Avançado (CAE) pela Cambridge University
Pós-graduado em Engenharia Ferroviária pela PUC-Minas
Pós-graduado em Gestão de Projetos pelo IETEC
Pós-graduado em Restauração e Pavimentação Rodoviária pela FUMEC
Contato: (31) 98789-7662
E-mail: phlobato01@gmail.com
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