Introdução
Trouxemos mais um assunto para o nosso blog: Manutenção de Juntas. Iremos falar sobre cada uma de suas classificações e tipos, bem como a recomendação de onde cada uma se adequa melhor. Além disso, falaremos sobre as recomendações e cuidados que devemos ter com os componentes, bem como quando podemos reutilizá-los.
Juntas
As juntas podem ser descritas como a conexão de duas barras de trilhos consecutivas, obtida pelo ajustamento e fixação das talas de junção. Em outras palavras, podemos dizer que a junta é uma seção de união de trilhos. Ela tem por objetivo manter o nivelamento e alinhamento da seção de ligação. A seguir, será explicado como realizar a manutenção das juntas.
Componentes:
Trilhos
Talas
Parafusos
Porcas e arruelas
Entre outros.
As juntas são pontos frágeis da via, sendo assim, são um mal necessário. Usadas quando não há possibilidade de soldagem dos trilhos. As juntas são obrigatórias quando há separação entre seções de bloqueio de linhas sinalizadas. Além disso, são responsáveis por drenar grande parte do orçamento e outros recursos de manutenção.
As juntas são classificadas de acordo com o tipo, posição e apoio.
Quanto ao tipo, elas podem ser:
Convencionais
De dilatação
Isolantes
De transição
Quanto à posição, elas podem ser:
Paralelas
Alternadas
Quanto ao apoio, elas podem ser:
Apoiadas
Em balanço
Apoio das juntas
Recomenda-se sempre a aplicação de juntas em balanço, pois nas juntas apoiadas, quando da passagem das rodas, o dormente apoia uma das pontas dos trilhos criando um ressalto para a roda. Este ressalto é uma situação indesejada, pois favorece a fratura do trilho, da roda e a escalada da roda sobre o trilho.
Posição das juntas
A posição das juntas podem ser paralelas e alternadas.
Tipos de Juntas
De dilatação
As juntas de dilatação possuem pontas bizeladas, permitindo a dilatação térmica dos trilhos. Esse tipo de junta é muito comum em transição de estruturas como por exemplo nos encontros de pontes metálicas.
Isolantes
Possuem componentes isolantes e são necessárias em linhas sinalizadas para marcar o limite da seção de bloqueio. Elas ainda podem ser encapsuladas ou coladas
De transição
As juntas de transição promovem a conexão de trilhos de diferentes perfis, como por exemplo a transição de um perfil TR57 para TR68.
Talas de junção
As talas de junção são os principais componentes da junta e possuem o objetivo de fazer a união de dois trilhos, garantir rigidez à seção além de resistir minimamente aos esforços longitudinais.
As talas de junção são classificadas de acordo com a quantidade de furos, seção transversal e isolamento elétrico.
Quantidade de furos
4 furos (mais comuns em TR37)
6 furos (TR45 e superior)
Seção transversal
Lisas:
Corpo se encaixa integralmente à alma
Se apoia no boleto e no patim
Comum em 4 ou 6 furos
Angulares:
Modelo mais recente
Recentemente o mais adquirido
Aplicável em perfis grandes e pequenos
Extremidades reforçadas para absorver esforços
Vida útil maior que a de outros modelos
Cantoneira e semicantoneira:
Possui cantoneira que abraça o patim
Invade a área de pregação
Só utilizada com fixação rígida
Cantoneira é uma região sensível
Baixa vida útil
Pouco utilizada atualmente
Isolamento elétrico
Talas encapsuladas
Componentes:
Talas encapsuladas: Núcleo em aço laminado e Isolamento em poliuretano
Plaquetas metálicas
Separador isolante
Buchas isolantes dos parafusos
Porcas e parafusos
Talas coladas
Componentes:
Talas metálicas
Isoladores da tala
Cola epóxi (vedação)
Separador isolante
Buchas isolantes dos parafusos
Porcas e parafusos
Parafusos, porcas e arruelas da tala
Estes componentes possuem a função de tracionar a tala contra o trilho, porém não são responsáveis por resistir aos esforços longitudinais. Sendo assim, são facilmente cisalhados se as talas forem mal instaladas.
A tabela abaixo apresenta o diâmetro dos parafusos para cada perfil de trilho:
Grampos de talas
Os grampos de talas são utilizados em casos de emergência de fratura de trilho para substituição temporária da furação
Instalação das talas
Passos para a instalação das talas
Marcação dos furos e furação;
Bizelamento dos furos;
Limpeza da tala e da alma;
Aplicação da tala;
Aperto dos parafusos.
Considerações para talas isoladas
As talas isoladas ou coladas encapsuladas possuem todos os seus furos circulares, sendo que os encaixes ovais são dados pelas taletas de reforço.
Deve-se obedecer o local exato demarcado pela equipe de eletroeletrônica para instalação das juntas.
Recomenda-se assentar sempre em tangente para evitar o desgaste prematuro ou fratura da tala devido aos esforços originados na inscrição das composições nas curvas.
Por concepção de sinalização ferroviária, as juntas isoladas são instaladas paralelas entre si (admite-se defasagem máxima de 500mm).
Antes da instalação da tala, deve-se limpar a face da mesma e a alma do trilho com escova de aço para eliminar resíduos que atrapalhem perfeito acoplamento e dano ao revestimento da tala.
Considerações gerais
É recomendável que as juntas metálicas de uso permanente sejam posicionadas em balanço e alternadas.
A defasagem mínima recomendada entre talas é de 3 m para seção de trilho curto (de até 36m).
A defasagem mínima recomendada entre talas em seção de TLS é de L/4, sendo L o comprimento do TLS (acima de 36m).
Não se deve instalar juntas de transição (mudança de perfil) de uso permanente sobre pontes/viadutos, PN e em curvas.
Deve-se atentar ao nivelamento e alinhamento dos topos dos trilhos, de forma que não haja quinas e desníveis.
Não se deve utilizar pedaços de trilhos para preenchimento de folga de junta (bacalhau).
Não se deve instalar junta em local que haja solda na região de contato da tala convencional com a alma.
Antes da instalação da tala, deve-se limpar a face da tala e a alma com escova de aço para eliminar resíduos que atrapalhem perfeito acoplamento.
Caso necessário, deve-se utilizar tensores hidráulicos para aproximação dos trilhos.
O aperto dos parafusos deverá seguir a seguinte ordem:
1º Aparafusar os parafusos do centro da tala
2º Aparafusar os parafusos intermediários
3º Aparafusar os parafusos da extremidade
Não se recomenda lubrificar os parafusos, pois isto pode levar a um torque excessivo do mesmo, o que reduzirá sua vida útil.
Observar que a parte lisa da porca fique em contato com a arruela.
Na primeira semana de instalação de uma junta, há uma tendência de os parafusos afrouxarem, por isso é necessário verificar se não houve afrouxamento e, se for o caso, reapertar o parafuso.
Manutenção de juntas
Inspeção visual
Verificar a integridade dos componentes da junta
Verificar a integridade dos trilhos, lastro e dormentes
Verificar se os topos dos trilhos estão amassados
Manutenção preventiva
Apertar os parafusos
Manter o quadramento dos dormentes
Manter o espaçamento correto dos dormentes
Substituir dormentes inservíveis na região da junta
Executar bizelamento e esmerilhamento do trilho
Manutenção corretiva
Substituir componentes danificados
Corte e reajuste de pontas de trilhos empenadas, amassadas ou lascadas
Soldagem da junta
Nivelar a junta
Nivelamento
O desnivelamento é o principal problema nas juntas. Este defeito é prejudicial tanto para os componentes da via, quanto do material rodante e representa um alto risco para a segurança do tráfego, além de consumir grande parte do orçamento de manutenção.
No serviço de nivelamento de juntas, deve-se:
Substituir os dormentes inservíveis
Fazer repregação de dormentes sem fixação
Reespaçar dormentes
Apertar os parafusos da tala
Se as pontas dos trilhos estiverem empenadas (caimento da ponta), deve-se eliminar a ponta e executar nova junta ou solda
Nivelar com macaco mecânico de 15t
Realizar socaria dos dormentes na região da junta
Bizelamento
O objetivo do bizelamento das pontas dos trilho é eliminar as rebarbas por escoamento do material. Se não removidas elas provocarão a deterioração da ponta e redução de vida útil do trilho.
Nesta atividade não se deve utilizar máquinas de cortar trilho, pois isto representa uma condição insegura para o colaborador.
Esmerilhamento
O esmerilhamento do trilho é o acabamento do serviço com o intuito de adequar a superfície de rolamento e eliminar ressaltos, escoamento, defeitos superficiais e arestas vivas. Somente deve-se executar o esmerilhamento quando a junta estiver bem nivelada.
Critérios de descarte de componentes
Parafusos
Presença de trincas ou fraturas
Empeno no corpo do parafuso
Roscas danificadas que impeçam colocação de porcas
Talas
Presença de trincas ou fraturas
Empeno ou deformação no corpo da tala sucata
Conclusão
Chegamos ao final de mais um post, no qual conseguimos entender um pouco mais sobre manutenção de juntas. Para ficar por dentro de todos os assuntos de via permanente continue acompanhando nosso blog.
Se você gostou, lembre-se de compartilhar e deixar uma curtida no nosso post para nos ajudar.
Escrito por Paulo Lobato e Laura Lima
Especialista em manutenção de via permanente ferroviária
Elevada experiência em gerenciamento de projetos e análise de viabilidade técnica-econômica de novos projetos
Engenheiro Civil formado pela UFMG em 2010 com curso de extensão em ferrovia e transportes pela École Nationale des Ponts et Chaussées em Paris/França
Certificado em Gestão de Projetos pelo Project Management Institute (PMI)
Certificado em Inglês Avançado (CAE) pela Cambridge University
Pós-graduado em Engenharia Ferroviária pela PUC-Minas
Pós-graduado em Gestão de Projetos pelo IETEC
Pós-graduado em Restauração e Pavimentação Rodoviária pela FUMEC
Contato: (31) 98789-7662
E-mail: phlobato01@gmail.com
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